quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sessão admiração

De Que Serve A Bondade


De que serve a bondade
Se os bons são imediatamente liquidados,ou são liquidados
Aqueles para os quais eles são bons?

De que serve a liberdade
Se os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?

Em vez de serem apenas bons,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade
Ou melhor:que a torne supérflua!

Em vez de serem apenas livres,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que liberte a todos
E também o amor à liberdade
Torne supérfluo!

Em vez de serem apenas razoáveis,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo
Um mau negócio.

Bertolt Brecht


De que servirá a bondade, se não para passa-la adiante? os ensinamentos sempre serão passados adiante, o mais importante, é a aprendizagem, o que se leva consigo, não o que se deixa para trás. Pensamentos como os de Brecht merecem estar em nosso dia a dia, por isso, o parabenizamos e a todos que aprendem com ele! "aprenda e ensine uma nova lição"

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sessão admiração

                                              Se os Tubarões Fossem Homens


Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

Bertold Brecht

Admiração

Bem, de agora em diante, decidimos colocar textos ou músicas de pessoas que nos fazem e fizeram pensar, que ajudaram a ver o mundo como nós vemos hoje, com o senso critico de um adulto e não com os pensamentos de uma criança. Vocês reconhecerão partes de nossos textos se lerem essas postagens, porque tais textos nos deram e nos dão a inspiração que temos para faze-lo. Esperamos que vocês saibam admira-los tanto quanto nós!. Essa é uma forma de homenagem nossa, a pessoas que realmente merecem!, por isso, mostrem gratidão, e continuem a mudança que eles começaram.

"Agora eu entendo
O que você tentou me dizer
E como você sofreu por sua sanidade
E como você tentou os libertar
Eles não queriam ouvir, eles não sabiam como
Talvez eles te ouçam agora
[..]
Esse mundo nunca foi bom lugar pra pessoas tão bonitas como você"


A primeira postagem que faremos desse tipo, será um texto do alemão Bertolt Brecht, o texto se chama "Se os tubarões fossem homens" é longo, mas de uma inteligencia inigualavel, vale muito a pena ler!

domingo, 11 de julho de 2010

América

Se eu perguntasse onde essa foto foi tirada, você saberia? Provavelmente não, pois aposto que os Estados Unidos da América não está na sua lista de países em que poderiam acontecer uma cena destas. Mas com certeza a maior parte ignora, pois o sonho da vida de milhares ainda é viver o sonho americano. Ter o prazer de não saber que o governo Bush destinava 400 bilhões de dólares para financiar sua guerra no Iraque, enquanto 30 milhões de americos passam fome. Com certeza eles não vivem o mesmo sonho americano que a Miley Cyrus que, com 16 anos, comprou uma casa no valor de no mínimo 6 milhões de dólares e ainda alega que "trabalhou muito para comprá-la e que não tem muitas coisas que sejam só dela". Não tenho conhecimento sobre a vida dela para saber se ela dá esse duro que falou, mas, honestamente, não acho que ela saiba o que é trabalho como seus 31 milhões de "irmãos de pátria" que passam fome sabem. Idolatramos crianças que não sabem o que é trabalho e esquecemos dos bilhões que fazem esse "mundo dos sonhos" que tantos vivem girar. A África só vira notícia quando a Angelina Jolie vai lá fazer caridade, e em vez de olharmos para a situação, só prestamos atenção na estrela no país de terceiro mundo. Os valores estão trocados. O que faz o sonho da vida de uma pessoa ser conhecer o Justin Bieber, que por ter uma voz afinadinha e nenhuma letra em mente ganha em um mês o que um trabalhador honesto, que sua a camisa pra botar comida na mesa, provavelmente não irá ganhar em um ano de trabalho duro? E é essa futilidade que é empurrada pelas revistas e TV, que faz programas que deveriam nos informar virarem fofocas, que por sinal, são aceitas por nós. Estas fazem com que pessoas saibam o nome do médico que fez o parto da xuxa e não que 11,5 milhões de pessoas, incluindo crianças, já morreram por causa da AIDS na África (o que é mais ou menos a população de São Paulo) e que 25% dos adultos estão infectados, o que fez a média de vida desses países cair em 25 anos. Então, o que é realmente importante? Obviamente que você irá responder: "a condição de vida da população mundial" e não "o que o Justin fez no final de semana", mas o que eu vejo não mostra isso. Mostra uma juventude fútil que está mais interessada nas dicas pra conquistar o gato dos sonhos ou que time irá ganhar a taça da libertadores, assinando Capricho e trocando figurinhas viciadamente. É essa futilidade que faz o Brasil parar quando é dia de seu jogo na Copa do Mundo, onde não funcionam hospitais, ônibus, delegacias. Eu lhe pergunto, o que acontece com quem tem um ataque cardíaco essa hora? E se a sua mãe tiver um ataque cardíaco a essa hora, nos 45 minutos do segundo tempo? Onde está a torcida tão unida brasileira quando seus irmãos precisam? Onde está o orgulho de um brasileiro quando aceita esmola do governo pra conseguir se alimentar ou pagar a escola pros filhos? Onde estavam as vuvuzelas quando a justiça absolveu os PM'S de vigário? Onde estão os brasileiros que eu vejo na TV?