sábado, 30 de janeiro de 2010

Eu adoro minha televisão

O mundo é perfeito na televisão. Ela é o único modo de visão da população, mostra a moda e o que é aceitável ou não. Ela mostra a vida boa, mas claro que nunca a daqueles que remexem o lixo que nem um bicho, não. Eles não são gente, pelo simples motivo de não poderem ser pontos a mais na audiência, que é a clara evidência do povo sem consciência que habita o Brasil, povo que mora onde a ponte se partiu. Mas não acha isso um grande problema, porque quem está no paredão é mais digno de atenção do que o mensalão, a corrupção, do que os corrompidos de estado que vão das cabines policiais aos hospitais e das favelas ao senado. Eles estavam passando no jornal, mas ninguém viu porque mudaram de canal. Foram ver algo mais banal que não mostre a realidade nacional. A população brasileira é o retrato falado da acomodação e da alienação e ninguém nunca irá perceber se em 2010 ficarmos com a bola no pé e o controle na mão. Temos que tomar o controle, precisamos quebrar a rotina do povo unido novamente vencido. Precisamos ser a mudança que queremos ver, e com certeza essa mudança não vem da tv. Ela é feita por você que quer ver a mudança acontecer, que cansou de ser capacho de sua própria pátria mãe gentil. Passamos na tv e insistimos em dizer que estamos cansados de ver porcos politizados no poder. Somos a primeira página do jornal. Vivemos um absurdo nacional com uma gigantesca desigualdade social. Queremos acabar com a violência, mas esquecemos que ela é uma fiel consequência do nosso estilo de vida. Prezamos o respeito e a boa conduta, mas mesmo assim fazemos da vida de uma prostituta um best-seller nacional. Acreditamos fielmente que tudo de realmente valioso que podemos conseguir em nossa vida é material, mas esquecemos que dessa vida, não levamos nada além do aprendizado. Esquecemos que a arte imita a vida, e seguimos acreditando que devemos viver a nossa vida baseada naquela novela ruim onde todo mundo é rico, bonito e cheiroso. Onde todo mundo é feliz, mas esquecemos que nem todo mundo é feliz. Existe vida além da programação da tv, e essa vida precisa de audiência.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Desordem e retrocesso

A grande maioria da população segue a risca a constituição brasileira, mesmo que essa seja prejudicada com tanta obediência, pagando pelos seus pecados todos os dias. Mas seus governantes não, os governantes não pecam, não fazem, não viram e não sabem, e ninguém há de duvidar, porque "manda quem pode e obedece quem tem juizo, aqui o mais fraco sempre leva o prejuizo". "Isso seria desordem, se não fosse a própria lei." Eles são nossos inimigos, mas ninguém vê porque eles estão no poder e dizem estar do nosso lado com todos discursos e formalidades, usando a democracia como um falso pretexto, desviando as verbas de estradas e hospitais. Fazem tudo isso e ainda querem mais. Pagamos os impostos mais caros do mundo e ainda existem filhos, avós e pais morrendo em filas de hospitais. A maioria da população não vive, sobrevive. Sobrevive de esmola, conseguida apenas pela venda burra de seus votos, e quatro anos depois a voz do povo implora pela realização das falsas promessas. Somos iludidos do Brasil e como mágica saímos nas ruas apoiando o inimigo. Colocamos nos nossos carros emblemas do partido inimigo. Enquanto o bandido de estado bebe suco gelado e come nos melhores restaurantes, pro povo é só bagaço e restaurante popular. Enquanto a menoria da população vive na dieta, alguns morrem na dieta. E quando você joga comida fora, pode ter certeza que essa mesma comida foi parar na barriga de quem precisa, de quem remexe seu lixo que nem um bicho à procura de uma saída para a verdadeira fome que não é vista na novela. Mas a vida continua a mesma para quem não pode ir à Disney nas férias. As passagens dos transportes públicos continuam a aumentar, a cidade continua a ser feita de lixeir. Na sexta à noite saímos e dançamos ao som em que mulher é vagabunda e ninguém é mais criança. Mas vamos parar de falar da vida dos outros e seguir a nossa vida falsamente feliz e chegar em casa antes da novela para não ter chance de perder o BBB, como tudo deve ser.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Televisão irrevolucionária do Brasil

A TV brasileira está falhando, e quem a assiste também, por não perceber isso. Enchem sua programação com bobagens, como um reality show armado, um programa que fala apenas sobre a vida dos famosos e outro que fala sobre problemas sociais alheios, e que, por incrível que pareça, ganha toda a audiência de seu público ignorante. Além de tudo ser uma cópia da programação americana, não faz com que seus telespectadores evoluam em nada, pelo contrário. Então você se faz a pergunta: a TV deveria informar, mas tudo que ela faz é deformar. Aliás, até os programas que deveriam informar estão começando a falhar. Vivemos em um mundo muito defeituoso realmente, mas muito maravilhoso também. Ao invés de a televisão nos mostrar esses dois lados, eles apenas exibem o que há de pior: violências e tragédias. Não dão ao povo uma razão pra lutar, e sim para desistir. Nos mostram casos injustos e nos fazem pensar que são causas perdidas. Nos mostram a injusta justiça do Brasil, mas não nos incentivam a querer mudanças. No jornal passa o deputado solto junto com os PM's de vigário e o pé rapado atrás das grades por roubar uma pasta de dente para seus filhos terem higiene, junto com outros trinta na mesma cela que não podem comprar a justiça. Por isso ficam esperando que ela se faça sozinha, já que ninguém a faz. Porque claro, nada melhor do que mostrar tragédias para subir uns pontos na audiência. Mas é claro que nas novelas de horário nobre todo mundo é feliz no final e a justiça se faz sozinha. Nada melhor do que uma boa maquiagem na pobreza para provar para os descrentes que somos realmente felizes, que pobre recebe pagamento em dia e de quebra ainda consegue uma casa em Búzios, como em um sonho. E enquanto entreteem seu público, mostram um lado deformado da sociedade, mas para que se encomodar com ele? Se no fim tudo é justo e o pobre e rico vivem em paz, da mesma maneira. É o típico: os personagens se acomodam numa boa vida em seus casarões e apartamentos nas maiores metrópoles do país, com seus fúteis problemas. Enquanto isso, milhares de pessoas os assistem nas regiões mais pobres do Brasil, sonhando com essa boa vida que os admirados levam, provocando uma forte ilusão. Essa gente humilde acaba arrumando uma pequena bagagem e se muda para a terra dos riquinhos, abandonando suas raízes e família, acreditando inutilmente que terá vida ali. Mas não. A maioria acaba de baixo da ponte ou pedindo esmola no sinal, sendo totalmente ignorada. E como seus ídolos da telinha, acaba se acomodando. Mas nessa novela da realidade, a vida é miserável. É uma crueldade imensa. Não regionalizam essas novelas da TV por não estarem dispostos a abrir mão da audiência do resto do país, causando essa falsa esperança a humildes cidadãos. E esse só foi um curto exemplo do que a televisão de hoje é capaz de fazer. E quando isso vai mudar? Quando a televisão servirá de instrumento para libertarem nossas pequenas mentes vazias dessa alienação patética?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Mal necessário

A nossa forma de vida desumana e limitada será em breve extinta. Não pela razão, pelo amor ao belo e ao ambiente, mas sim pela extinção de nossa raça: o Homo Sapiens. Esse que parece pouco saber da vida e mais entender da morte, que fecha os olhos para esta que está vindo em nossa direção como um carro desgovernado. E o Homo Sapiens coloca a mão no bolso, para ter certeza de que não vai perder nem um centavo na pancada, por mais que todos eles saibam que a vida luxuosa de menos da metade de sua raça só existe às custas da pobreza extrema e da destruição quase completa do meio ambiente. Mesmo sabendo que seus casacos de pele e bolsas de couro vieram de seres vivos iguais a eles e com todo direito à vida. Porém, continuam cegos ou fingindo ser, com uma arma na mão, tranformando irmãos em inimigos só para poderem pegar a força e o que querem deles, e matando tudo que pode dar dinheiro. Queimam, matam e destruem tudo que é vital por meras futilidades. Essa raça vive sonhando com um mundo bom e reclamando do horror quando eles mesmos causam o horror. Querem combater o terror com terror, a morte com a morte, não tendo a consciência que vingança gera vingança e violência gera violência. Vivem reclamando das ruas sujas quando eles mesmos as sujam. Acham desumano as guerras do passado, mas esquecem da guerra que vivem hoje, talvez porque olhar o passado e achar que evoluiram seja confortável para eles. Porém, as milhares de pessoas que ficam desabrigadas todos os dias por causa dos bombardeios no Iraque não estão confortáveis. Transformam florestas inteiras em pastos, colocam veneno no ar que respiram, substituem grandes montanhas verdes por grandes prédios cinzentos e acham que isso é conforto, que é um mal necessário. Em uma parte estão certos: é um mal. Que irá durar pouco, porque logo, não existirá nada que possam fazer contra si mesmos. Irão ter destruido cada centímetro das florestas, poluido cada gota dos rios e mares e matado cada ser vivo. Então, neste momento, irão ver que dinheiro não se come, não se veste, não se bebe e não se respira. Quando conseguirem enxergar além de seus próprios narizes, irão ver que é tarde demais, porque não existirá nada para ver além disso. Pedirão desculpa para toda a vida que destruiram sem o menor senso por dinheiro e vícios. Desistirão e esquecerão, como sempre faz nossa raça.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ensino errado

Nada melhor do que um desastre natural em outro país para esquecermos de nossos próprios desastres. Nada melhor para a auto-estima do que saber que existem outros lugares piores que o nosso lugar. Nada melhor para a imagem pública do que ajudar os necessitados dos países vizinhos. Nada melhor para esquecer dos presídios lotados, da completa destruição da fauna e flora e do desleixo com a educação pública do que uma boa Olimpíada. Acreditamos cegamente que o tráfico esta somente nas favelas, que a culpa de estar onde estamos é desse governo tão falso. Colocamos a culpa exclusivamente na classe pobre da sociedade pelo vandalismo nas ruas e esquecemos que quem financia o tráfico é em grande parte quem tem uma vista privilegiada da cidade maravilhosa. Esquecemos que quem sustenta esse governo falso somos nós, os pobres, os ricos e os de classe média. E com mais facilidade ainda esquecemos dos filinhos de papai que espancaram uma empregada doméstica ou dos que mataram mendigos. Vivemos fechando a janela do carro para as crianças no sinal, e quando nossos filhos nos perguntam porque fechamos a janela temos a cara de pau de responder que podemos ser assaltados, então os ensinamos que não podemos fazer nada a respeito e que não é para eles ficarem tristes com isso porque eles têm uma boa vida. Nós acostumamos as futuras gerações que ver miséria, poluição, injustiça, guerra e corrupção é normal e que não podemos mudar isso. Vivemos ensinando às crianças que não somos fortes o suficiente, que querer não é poder, que a vida não é justa e que devemos obedecer sempre. Não as ensinamos que temos toda a força do mundo, como já foi provado pelas gerações passadas, e que não lutamos por medo e mediocridade. Não os ensinamos que podemos querer tudo e que a realização desse desejo cabe a nós. Não os ensinamos que a vida é injusta porque nós deixamos que ela seja assim. Acabamos não lutando por justiça, e sim por dinheiro. E não os ensinamos que obedecer cegamente é burrice. A escola dá aos jovens a mesma aula que dava para os nossos pais, e nossos pais não lembram de nada disso. Nos fazem encarar a escola, nao aproveitá-la. Nos tratam como amebas e depois reclamam que nós não raciocinamos. Nos dizem que somos o futuro do país, que temos que ter uma boa formação e usam sucesso e muito dinheiro como argumento, criando pessoas mercenárias. Ao invés de nos ensinarem pra que serve um deputado, um senador, quanto tempo dura um mandato, o que são as obras superfaturadas, o que é inflação e corrupção, nos fazem escrever uma redação sobre o que fizemos em nossas férias e depois querem que nos importemos? Como, se nem sabemos o que realmente é importante?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A voz

Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta. levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve. Você pode e você deve, pode crer. (Gabriel, o pensador - Até quando?) Então vá luta, vá armado de coragem e consciência, amor, esperança. A injustiça é a pior das violências. Queira paz, queira mudança. É, dignidade pra todo o cidadão. Mais respeito, menos discriminação. Desigualdade, não. impunidade, não. não se acostume com essa acomodação. Se encomode e não seja mais assim, porque precisamos da paz, mas a paz também precisa de nós, da nossa luta, da nossa voz. (Gabriel, o pensador - Paz)
A voz que foi silenciada por anos de repressão, que se acostumou com a escuridão. A voz que já nao ve problema nenhum, então senta na frente da tv e vai assistir o BBB. A voz que se faz de surda e na hora do jornal muda de canal pra ver TV Fama ao invés de ver quem está roubando a nossa grana, porque afinal, a vida da Angélica é muito mais legal. A voz que por falta de informação e muita televisão pensa como nossos avós. Não sabe o que é fazer a mente evoluir e se deixa persoadir com facilidade por quem diz querer sua felicidade. Essa voz não sabe o poder da palavra, não sabe o poder que tem. Então, não grita, fala baixinho para os mais aguçados escutarem. Para os que nao são alienados, nem facilmente são comprados com bolsa familia nem bolsa escola, porque sabem que isso é esmola de um governo que não está te dando bola. Que quer mais que você pendure as chuteiras sem reclamar, porque ele te faz pensar que aos 45 do segundo tempo não há o que mudar. Mmas mudar para quê? No país do futebol, todo mundo é bom de bola. Afinal, futebol não se aprende na escola. Mas para que reclamar? 2016 Brasil vai brilhar, vai sair no primeiro lugar, então, para que pensar no presente se o futuro está aí? "Ah, vamos nos divertir! Quem vive de passado é museu e quem pensa no presente desiste. Vamos pensar no futuro e esquecer que somos tristes" Na novela todo mundo anda de carro, a vida é um mar de rosas e tudo acaba bem. Para que ver a realidade se você tem o controle na sua mão e um passagem direto pro mundo da imaginação?