sábado, 23 de janeiro de 2010

Mal necessário

A nossa forma de vida desumana e limitada será em breve extinta. Não pela razão, pelo amor ao belo e ao ambiente, mas sim pela extinção de nossa raça: o Homo Sapiens. Esse que parece pouco saber da vida e mais entender da morte, que fecha os olhos para esta que está vindo em nossa direção como um carro desgovernado. E o Homo Sapiens coloca a mão no bolso, para ter certeza de que não vai perder nem um centavo na pancada, por mais que todos eles saibam que a vida luxuosa de menos da metade de sua raça só existe às custas da pobreza extrema e da destruição quase completa do meio ambiente. Mesmo sabendo que seus casacos de pele e bolsas de couro vieram de seres vivos iguais a eles e com todo direito à vida. Porém, continuam cegos ou fingindo ser, com uma arma na mão, tranformando irmãos em inimigos só para poderem pegar a força e o que querem deles, e matando tudo que pode dar dinheiro. Queimam, matam e destruem tudo que é vital por meras futilidades. Essa raça vive sonhando com um mundo bom e reclamando do horror quando eles mesmos causam o horror. Querem combater o terror com terror, a morte com a morte, não tendo a consciência que vingança gera vingança e violência gera violência. Vivem reclamando das ruas sujas quando eles mesmos as sujam. Acham desumano as guerras do passado, mas esquecem da guerra que vivem hoje, talvez porque olhar o passado e achar que evoluiram seja confortável para eles. Porém, as milhares de pessoas que ficam desabrigadas todos os dias por causa dos bombardeios no Iraque não estão confortáveis. Transformam florestas inteiras em pastos, colocam veneno no ar que respiram, substituem grandes montanhas verdes por grandes prédios cinzentos e acham que isso é conforto, que é um mal necessário. Em uma parte estão certos: é um mal. Que irá durar pouco, porque logo, não existirá nada que possam fazer contra si mesmos. Irão ter destruido cada centímetro das florestas, poluido cada gota dos rios e mares e matado cada ser vivo. Então, neste momento, irão ver que dinheiro não se come, não se veste, não se bebe e não se respira. Quando conseguirem enxergar além de seus próprios narizes, irão ver que é tarde demais, porque não existirá nada para ver além disso. Pedirão desculpa para toda a vida que destruiram sem o menor senso por dinheiro e vícios. Desistirão e esquecerão, como sempre faz nossa raça.

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